sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Bem Vindos, Alunos da Turma Confeitaria e Panificação Rápida - Noite!!! (Aula 1)


Pães:



Historicamente, o pão e a humanidade andam juntos há muito tempo. Existem indícios arqueológicos de que o pão foi o primeiro alimento a ser processado por mãos humanas a partir de uma matéria-prima natural. Praticamente todas as culturas antigas do Oriente Médio faziam referências ao pão em seus escritos e muitos povos o veneravam como alimento sagrado, presente dos deuses.

* Definição Básica:

O pão é um alimento que resulta do cozimento de uma massa feita com farinha de alguns cereais, principalmente trigo, água e sal.

* Os Ingredientes:

O conhecimento dos ingredientes básicos utilizados na panificação é essencial para a fabricação de pães. A combinação e a diversidade dos mesmos que promovem o sucesso da panificação. É claro que os conhecimentos técnicos também são necessários. Os ingredientes básicos são: Farinhas, Água, Sal e Fermentos. O sabor e a textura do pão podem variar, dependendo das diferentes farinhas de cereais e grãos que forem usadas. As farinhas de trigo são as mais usadas por seu alto conteúdo de glúten, o que resulta em pães leves e macios. Os pães de texturas mais densas combinam a farinhas de trigo mais pobres em glúten. Experimente substituir parte da farinha de sua receita por outras como: Farinha de Centeio, de Milho, de Cevada, etc.
Já os ingredientes complementares apresentam maior ou menor grau de importância em função do tipo de pão que se deseja fabricar. De maneira geral, os ingredientes complementares melhoram aspectos de maciez e textura dos produtos, aumentam a vida-de-prateleira, alteram o sabor e o valor nutricional. Os ingredientes complementares são: Açúcares, Leite, Ovos e Gorduras.

- Farinha = a de trigo é a principal, e é o componente estrutural da massa, constituindo o ingrediente fundamental para obtenção do pão. A farinha de trigo possui proteínas - a gliadina e a glutenina – com características funcionais únicas, capazes de formar uma rede - o glúten - com propriedades viscoelásticas, e que retém o gás formado durante a fermentação.

- Água = é também um ingrediente imprescindível na formação da massa. Ela deve ser limpa, inodora, incolor e pH neutro. Ela que hidrata as proteínas da farinha de trigo tornando possível a formação da rede de glúten. A água atua também como solvente e plastificante e permite que, durante o processo de cozimento do pão, ocorra o fenômeno de gelatinização do amido. Outras propriedades: controla a consistência da massa; controla a temperatura e dissolve os sais.

- Sal = é indispensável em qualquer formulação de pão. É chamado pela doutrina, como um melhorador natural. O sal exerce basicamente as seguintes funções: contribuir para o aroma, crosta e sabor do pão; com as propriedades reológicas da massa, pois o sal faz com que a massa fique mais “forte” (ou seja, o sal aumenta a resistência à extensão do glúten); e afeta a conservação do pão. A quantidade adicionada deve ser no máximo 1,5 a 2% da composição total do pão. Pode ser o “vilão”, quando misturado diretamente ao fermento!

- Fermento = cujo papel principal é fazer a conversão de açúcares fermentáveis presentes na massa a CO2 e etanol. Além de produzir CO2, que é o gás responsável pelo crescimento do pão, o fermento também exerce influência sobre as propriedades reológicas da massa, tornando-a mais elástica. Existem 3 tipos de fermentos:  Biológicos (uma levedura selecionada, denominada Saccharomyces cerevisiae) prensado fresco e o biológico seco, ativo ou não; Natural e o Químico. Qualquer se seja o tipo de fermento, ele perde sua ação a partir de 45ºC e quando misturado diretamente  ao sal mata as leveduras (ele é antimicrobiano).
·         Fresco – é o mais comum, encontra-se em blocos, cuja consistência é compacta e homogênea, umidade elevada (precisa refrigerar). A temperatura é de 5ºC e dura 12 dias. Qualquer alteração de cor ou odor significa qualidade fermentativa problemática.
·         Seco – secagem do fermento em baixa temperatura, sem prejudicar a qualidade fermentativa. A conservação é longa e precisa de baixa umidade. Seco Granulado não Ativo (células latentes e precisa revigorar antes do uso; reitratar com água por 15 a 20 minutos, antes do uso). Existe também um chamado Desidratado Instantâneo Ativo (embalado à vácuo e incorporado direto na massa por Strains de levedura especial).
·         Natural – chamado também de selvagem ou massa biga, feito com a mistura de trigo e água, exposta ao ar, e contaminada por microorganismos do ambiente. Tem ótimo crescimento. Produz gás carbônico e ácidos (lácticos e acéticos). Fermentação de 4 a 6 dias, recebe os nomes de isca, pé-de-massa, levain. Usado em Panetones, Ciabatta, etc.
·         Químico – fermento produzido quimicamente. Usado para bolos, tortas, etc.

- Açúcar = é um elemento muito importante nas formulações, por duas razões principais: em primeiro lugar, o açúcar serve como fonte de carboidratos fermentáveis para o fermento. Pães sem açúcar suficiente desenvolvem volumes baixos porque o fermento não pôde produzir gás. Em segundo lugar, o açúcar contribui para melhorar o sabor e o aroma do pão.

- Gorduras = exercem nas massas uma ação que não é química, mas física: as gorduras exibem a capacidade de se posicionarem entre camadas de glúten, facilitando o deslizamento entre essas camadas. Assim, dizemos que as gorduras lubrificam o glúten, o que resulta em maior extensibilidade das massas. Em virtude desta ação, as gorduras proporcionam pães com maiores volumes em relação a pães produzidos sem gordura. O aumento de volume é significativo, usualmente em torno de 10 %. As gorduras também tornam a massa mais macia, melhorando a textura do miolo e contribuindo para retardar o envelhecimento do pão, fazendo com que este fique macio e palatável por um período de tempo mais longo. As gorduras atuam ainda sobre o sabor (principalmente as gorduras animais) e sobre o valor nutricional. As gordura animais principais são manteiga e banha, já as gorduras vegetais são azeites, margarina, gordura hidrogenada, óleo de coco, etc.

- Leite = cujas principais funções são: melhorar a cor da crosta do pão, retardar a ação fermentativa, conservação dos produtos frescos e diminuir a porosidade da massa.

- Ovo = tem as seguintes propriedades funcionais: cor, viscosidade, emulsificante, geleificação e formar espuma.

* Etapas para a Produção de Pães:
(Padronização = Qualidade)



1 – Pesagem = é pesar todos os ingredientes a serem utilizados na mistura (principalmente a água).


2 – Mistura da Massa = esse processo consiste em misturar a água e a farinha aos demais ingredientes da receita. Durante o amassamento, a farinha absorve água; essa quantidade de água vai depender da granulometria, do conteúdo protéico, da umidade da farinha e do ambiente e do grau de consistência que quer se dar à massa.  As 2 proteínas existentes na farinha, quando na presença de água e ação mecânica, formam a rede de glúten, substância que dé elasticidade e impermeabilidade às gorduras (e em tempo ótimo de mistura), é capaz de reter gases produzidos pelas leveduras. Essa incorporação de ar é a base para a estrutura do miolo do pão. A água deve estar em temperatura ambiente!

3 – Divisão da Massa = é uma operação que deve ser feita manualmente, com faca ou espátula. Essa divisão ocorre para obter pães com peso apropriado.

4 – Modelagem = também chamado de Arrumação. Nesse processo, a massa adquire a forma do pão que se deseja. Essa forma pode ser manual ou mecânica. Depois, coloca-se nas assadeiras e respeita certo distanciamento entre eles.

5 – Fermentação da Massa = é a fase do repouso ou descanso. É uma fermentação alcoólica e anaeróbica, produzida pela ação do fermento biológico (levedura) sobre os açúcares presentes na massa, com produção de gás carbônico e modificações físicas (variação de temperatura, consistência, perda de umidade e mudança de cor) e químicas (alterações dos açúcares e modificações nas proteínas). O tempo ideal de fermentação é de no mínimo1 hora e máximo de 2 horas.

6 – Assamento da Massa = também chamado de Cozimento da Massa ou Forneamento. Ocorre uma série de modificações – físicas químicas e biológicas – pela ação do calor que no final resulta num produto leve, poroso, aromático, de cor atraente e nutritivo. A temperatura de forno deve ser entre 200º a 275ºC.

7 – Resfriamento = é necessário que, após a saída do pão do forno, à temperatura chegue a 30ºC (ou temperatura ambiente) antes de ser fatiado e embalado, evitando a deformação e a condensação durante o corte.

* Termos Aprendidos em Aula:

- “Egg Wash” = ovo ou gema misturado com garfo com um pouco de água. Usado encima do pão cru (antes do forneamento).

- Fazer uma “coroa” = é fazer um buraco ao centro do bowl ou superfície com ingredientes secos, para se introduzir os ingredientes líquidos.

- Mise-en-place = é um termo francês que significa "pôr em ordem, fazer a disposição". Consiste em uma etapa inicial para o preparo de qualquer prato, na qual separam-se todos os utensílios e ingredientes necessários para executá-lo. Os ingredientes devem ser então medidos, e, se necessário, as verduras, legumes e carnes descascados e cortados, assim como os utensílios devidamente dispostos para manuseio. É fundamental a execução da mise en place para a boa execução de qualquer receita, para que não se precise buscar ingredientes quando do momento do preparo. Por isso, na culinária profissional essa técnica de disposição do material é um dos passos essenciais para o bom desempenho das funções de um cozinheiro.

* Produções do Dia:

- Grissines ao Orégano
- Pão ao Queijo/ Pain Au Fromage
- Pizza Roll
- Pães Aromatizados


* Referência Bibliográfica:

BERTINET, Richard. Pães – Deliciosos, Simples e Contemporâneos. Editora Marco Zero: 2012.

SEBESS, Paulo. Técnicas de Panificação Profissional. 2ª Ed. Editora SENAC São Paulo.

YOUNG, Linda S. CAUVAIN, Stanley P. Tecnologia da Panificação. 2ª Ed. Editora Manole.


Acervo Pessoal (Apostilas e Anotações).

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